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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tela quente demais!

Por Genivaldo Tavares de Melo

Segunda à noite, Tela de Sucessos? Um filme com Steven Seagal. Terça, Tela Quente? E outros mais.

Vi um pedaço de cada. Como diz nas esquinas, o pau come solto do começo ao fim. As balas nunca acabam, dos revólveres e metralhadoras. Os golpes de lutas marciais permitem ouvir os ossos quebrando. E o herói ou vilão? Saindo de peito erguido.

Acordei em plena madrugada, orei agradecendo a Deus pelas horas de sono, benditas horas; uma preocupação na minha mente, outra na ponta dos dedos para digitar algo que certamente nos ajude a compreender o porquê de tanta matança, principalmente nas escolas, e com protagonistas cada vez mais jovens, chegando à infância.

Percorri o labirinto da minha memória, para encontrar os filmes de Chaplin, o Gordo e o Magro, Cantinflas e outros grandes comediantes.

Quando garoto, a minha maior diversão, além das brincadeiras de rua, era o cinema. Toda matinê eu estava lá, curtindo os filmes no meio daquela algazarra a cada movimento engraçado dos atores. Ops! Tinha também os filmes de faroeste. Quem não se lembra de John Wayne, Kirk Douglas e outros atores interessantes? Lembro-me também que mesmo esses filmes de ação, sem excluir até o Lampião, Rei do Cangaço, ninguém enfiava a mão na goela do inimigo para puxar o estômago para fora.

Vamos ao que interessa:

Lembro-me que nos filmes de ação, o mocinho sempre vencia e eu, como criança, percorria a distância entre o cinema e a minha casa, voando nas nuvens, feliz porque o mocinho tinha feito justiça. Eu queria ser como ele, fazer justiça, como não podia, era muito franzino, ficava feliz da vida pelo fato de alguém fazer justiça por mim.

Vivemos tempos em que homens nas áreas de humanas, psicólogos, sociólogos, educadores e todo mundo tenta entender o que leva uma criança a empunhar uma arma e destruir vidas inocentes.

Os filmes a que assistia, tinha um forte efeito no meu emocional, só não chegava a ser devastador porque o enredo não era pesado.

Pense em uma criança hoje. Não tem mais brincadeira de rua, os games, que na minha época, nem mesmo Aldous Huxley, em “O admirável mundo novo” teria previsto, estão aí, levantando a adrenalina da garotada, que buscam um maior grau de violência para se divertir.

A resposta está na capacidade de absorção de cada individuo. Nem todos tem a mesma estrutura para assistir ou conviver com a violência sem se apossar dela, como se um demônio fosse - e vai ver que é.

Da ficção à realidade há um passo, e o estrago está feito. Um revolver escondido em casa é o suficiente para completar a ideia da criança, que ela protagonizará a maior cena de heroísmo. Pena que às vezes nem desconfia que não poderá assisti-la nos jornais eletrônicos.

Tem solução? Creio que sim, mas é preciso deixar muita gente danada de raiva, é preciso se impor contra o lixo televisivo despejado nas salas de casa, é necessário que baixe o fogo da ganância por lucro e ibope fáceis; todos terão a ganhar com uma atitude politicamente correta.

Belverede

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